terça-feira, 27 de maio de 2014

Reflexões sobre a redução da Maioridade Penal no Brasil: benefícios e malefícios


       
Posiciono-me a partir da polêmica redução da maioridade penal no Brasil. Bom, entende-se como assunto polêmico porque existem (e cada vez vem surgindo mais) motivos a favor e contra a bendita redução. Por complemento, será que um adolescente no presídio pode se recuperar e “se redimir” dos crimes que praticou, sendo isso um castigo? E o papel da educação básica e familiar para com esses jovens seria benéfico ou é mais uma conversa sensacionalista, na qual a culpa de todas as atrocidades do país se reflete na falta da dita cuja?

Coloco-me como um cidadão a favor, temporariamente, da redução da maioridade penal. Não sou favorável a discursos humanistas que falam sobre o futuro dos jovens condenados. Penso, sim, no futuro dos próximos inocentes que têm o azar de nascer num ambiente propício ao crime. Explico minha tese a partir de três linhas de pensamento: na primeira, reflito sobre os jovens que já estão condenados a sofrer por causa da sua criação errônea, cujos atos violentos sofridos no passado, com certeza, resultam em atitudes violentas; na segunda, julgo o sistema de educação familiar que se tem hoje como um propulsor, para que, casos de menores infratores acontecerem constantemente; na terceira (e última) faço um esclarecimento de como o termo anafórico “temporariamente” se organiza em minha sincera opinião.

Para melhor organizar os fatos, acrescento que, sendo o Brasil um país de terceiro mundo, problemas semelhantes aos da época de colônia ainda acontecem (só que, obviamente, não em tanta intensidade). Digo isso pelo fato de o Brasil ser ainda um país com identidade patriarcal (não entrarei em muitos detalhes para não fugir do assunto corrido). Essa identidade se reflete num machismo forte no qual o homem bate na esposa, espanca os filhos e faz o que quer, já que a justiça, na maioria das vezes, não é favorável à lei. É claro que não estou generalizando o fato; referi-me a isso tendo em vista a classe mais abastada da sociedade (mesmo não sendo a única na qual esses acontecimentos são verossímeis). Agora vamos pensar nisso do ponto de vista de uma criança: um menino ou uma menina. Para o menino atos constantes de violência para com a mulher e com os filhos são “normais”; tão normais que praticar um crime relacionado a isso não fugiria da realidade. Para a menina, ver a mãe ser espancada pelo pai (ou padrasto, ou qualquer ente ou cônjuge) se iguala à raiva. Mas essa raiva muitas vezes não é uma raiva revolucionária, e sim uma raiva de um dia estar naquele posto/naquele poder e fazer o que for para se sentir forte, porque num passado não tão distante, a fraqueza era tamanha que a defesa se tornava diminuta. Tomando caminho pela forma educativa desses jovens, não seria difícil de eles se tornarem criminosos na adolescência. O sistema de educação é falho e, não vamos ser fantasiosos, ainda será falho por muito tempo. Os jovens que passam por uma formação regada de violência são propícios a serem fruto daquilo. Minha opinião prende-se à tese de que esses jovens estão comprometidos a adotarem o estado rude como uma defesa/uma forma de sobrevivência. Eles não têm outra forma de se relacionarem; são mais ou menos um caso que se perdeu e dificilmente um tratamento psicológico poderá ajudá-los.

Considerando minha posição para o “temporariamente”, defendo a questão de que esses jovens não possuem outra maneira de ver a vida. Eles estão destinados a ser perigosos e quem é um perigo à nação, é condenado a ser preso. Mas para que isso seja filtrado, teríamos que ter uma política encorpada na tese de melhoria das condições de políticas sociais para que as gerações futuras não precisem sofrer. Deveria, sim, diminuir a maioridade penal com a finalidade de filtrar as gerações futuras. Seria um cárcere de uma massa de geração para que as políticas de educação melhorem (a partir de um governo consciente), tendo como beneficiários às próximas gerações. O temporário se baseia no fato de que as gerações de hoje devem, sim, ser punidas pelos seus atos criminosos. Isso resultaria num futuro cuja educação ia moldar os jovens para que os mesmos não cometessem atrocidades, tendo a ciência do certo e do errado e, obviamente, com receio da punição sofrida se um ato contra a lei social fosse cometido.

Diferente de muitos, minha opinião não se prende à ilusão de que “a punição não diminuiria a violência”, “o jovem não tem culpa de ter crescido num ambiente hostil, então vamos facilitar para que a hostilidade ‘se transforme’ em bondade”. Isso não existe em minhas faculdades mentais. A punição deve ser feita, sim, para gerar jovens que pensarão em seus atos antes de machucarem um inocente. E como relatado anteriormente, para um futuro melhor, deverá haver políticas fortes do governo nacional, porque sem apoio do Estado, falhas imensas podem ocorrer, já que nossa política não se baseia num liberalismo.

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